A construção de uma vida e de seu fim
DOI: 10.15343/0104-7809.20123615964
Palavras-chave:
Psicologia. Adolescente. Neoplasias.Resumo
O presente artigo se propôs a apresentar um estudo de caso que diz respeito à atuação da Psicologia no respeito ao
princípio da autonomia em adolescentes, especificamente no caso de uma paciente na vivência de câncer, em fase fora
de prognóstico terapêutico de cura. O estudo relata a trajetória das intervenções psicoterapêuticas durante o processo
de tratamento da doença e dos cuidados paliativos. O aspecto fundamental do estudo se refere ao respeito à autonomia
dessa adolescente, que vivenciou vários sentimentos que se sobrepunham ou se distinguiam, podendo manter a liberdade
de expressá-los, de questionar e determinar providências. O acompanhamento psicológico partiu da compreensão de
que a paciente revelava capacidade para orientar sua própria vida e construir sua própria história. Procurou-se facilitar a
adaptação às muitas perdas decorrentes da progressão da doença, favorecendo lidar melhor com o medo da morte, angústia
da separação e aniquilamento do self, facilitando o encontro do sentido da existência. Foi oferecida compreensão
incondicional e abrangente à visão de mundo da paciente e dos rumos que para ela faziam sentido nessa busca existencial.
Concluiu-se que a atitude empática, o estabelecimento de um vínculo de confiança autêntico, a valorização pessoal
podem oferecer um contexto dialógico, no qual a liberação do poder individual e original da paciente foi promovida,
auxiliando-a a direcionar sua caminhada existencial.