O ensino da Bioética e a tomada de decisões: impacto em estudantes de medicina
DOI: 10.15343/0104-7809.2013371915
Palavras-chave:
Bioética. Tomada de Decisões. Estudantes de Medicina.Resumo
Com a evolução da Bioética e sua consolidação após 4 décadas de desenvolvimento e expansão pelo mundo inteiro, concomitante ao desenvolvimento biotecnológico e à complexização das relações humanas, passou-se a questionar os limites do início e fim da vida humana diante dos avanços possibilitados pela tecnologia e até mesmo os limites do conceito de humanidade. Consolida-se, assim, em uma nova ciência, que passa a ser replicada e ensinada. Todavia, qual a efetividade do ensino da Bioética? Em seu atual estágio de desenvolvimento epistemológico, o ensino da Bioética tem contribuído na formação dos profissionais que conviverão diariamente com os dilemas bioéticos? Neste contexto, o presente artigo procura compreender os impactos do ensino da Bioética em estudantes de Medicina, analisados no 1.º, 6.º e 9.º semestres do curso de graduação, para avaliar o impacto que a matéria de Bioética causa em suas opiniões diante de diversos casos concretos apresentados que envolvam conflitos de distintos princípios. Os resultados estatísticos coletados e apresentados nesta pesquisa demonstram que, a despeito do grande desenvolvimento e divulgação da Bioética, o seu impacto na formação da nova geração de médicos ainda é baixo, de modo que, na relação de formação interdisciplinar desta ciência, a influência epistemológica ainda é um caminho de mão única, ou seja, ainda que a Medicina contribua com a formulação da Bioética, a Bioética pouco está contribuindo com a formulação da Medicina contemporânea, como se pode observar pelos dados que demonstram forte corporativismo entre os alunos. Ressaltam-se, todavia, resultados que comprovam instabilidade nos posicionamentos e que permitem a conclusão de que a Bioética possibilita a manutenção da dúvida, evitando a formação de dogmas e decisões pré-formuladas em situação de dilema ético.