Erros e dificuldades na coleta do exame colpocitológico: revisão de escopo

Resumo

O câncer do colo uterino, terceiro mais incidente no Brasil, é rastreável pelo exame colpocitológico, cujo sucesso depende de uma coleta adequada e impacta diretamente na redução do número de casos dessa malignidade. Até 75% dos falsos-negativos decorrem de falhas na fase pré-analítica, o que exige capacitação contínua dos profissionais responsáveis pela coleta. Este estudo objetivou mapear erros e dificuldades enfrentadas pelos profissionais na fase pré-analítica do exame colpocitológico. Realizou-se uma revisão de escopo seguindo a metodologia do Instituto Joanna Briggs e o guia Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses – Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR), com buscas em bases de dados e literatura cinzenta, abrangendo o período de 2013 a 2023. Foram incluídos nove estudos que evidenciaram problemas técnicos, estruturais e educacionais, como fixação inadequada, transporte incorreto de lâminas, uso indevido de dispositivos de coleta e preenchimento incompleto de requisições. Fatores externos, como infraestrutura deficiente e barreiras logísticas, também foram destacados. A qualidade do colpocitológico exige coleta precisa. Capacitações aumentam o número de amostras satisfatórias, como observado em Goiânia e Santa Catarina, reduzindo falsos-negativos. Educação continuada e controle rigoroso, aliados a tecnologias diagnósticas moleculares, fortalecem o rastreamento do câncer cervical. Estratégias como treinamento contínuo, melhorias na infraestrutura de serviços remotos e o uso de técnicas como lubrificação do espéculo mostram-se promissoras para reduzir erros e aprimorar a qualidade da coleta. Investimentos em desenvolvimento profissional e padronização de procedimentos são cruciais para aprimorar o rastreamento do câncer cervical.