Características clínicas e epidemiológicas de hospitalizações por cetoacidose diabética de crianças e adolescentes

Resumo

O objetivo do estudo foi analisar as características clínicas e epidemiológicas das internações por cetoacidose diabética (CAD) em crianças e adolescentes hospitalizados em um serviço de referência do Sistema Único de Saúde (SUS). Estudo transversal com análise de dados secundários extraídos de prontuários médicos. As variáveis investigadas incluíram sexo, idade, estado nutricional, estação do ano, sinais e sintomas na admissão, fatores predisponentes, duração da internação, internação em UTI, complicações, grau de acidose, primo-descompensação e protocolos terapêuticos utilizados. Observou-se maior frequência de internações em adolescentes (54,7%), no sexo feminino (57,1%) e durante o inverno (30,9%). A média de idade foi de 10,1 anos. Os sinais e sintomas mais prevalentes na admissão foram desidratação, vômitos, náuseas e dor abdominal. As principais causas associadas à CAD foram infecções e omissão de doses de insulina (49,9%). Em 50% dos casos houve complicações, destacando-se hipocalemia e hiponatremia. A maioria das internações apresentou graus leves ou moderados de acidose (85,8%). Os casos de primo-descompensação ocorreram em crianças mais jovens, geralmente com sintomas clássicos de diabetes (polidipsia, poliúria, polifagia). Já nos pacientes com diagnóstico prévio, náuseas e vômitos foram mais comuns. O tratamento mais utilizado foi a infusão contínua de insulina regular e hidratação com soro fisiológico 0,9%. As internações por CAD foram mais frequentes entre adolescentes do sexo feminino, principalmente durante o inverno. Predominaram quadros de acidose leve a moderada, com tratamento alinhado às diretrizes atuais.