Os desgastes da saúde do trabalhador de enfermagem e a pandemia de Covid-19: uma revisão integrativa

Resumo

Este estudo aborda o debate sobre a intensificação dos desgastes na saúde dos trabalhadores de enfermagem no contexto da pandemia de Covid-19, destacando o aumento do volume de trabalho como um fator adicional de precarização das condições laborais. Ancora-se no campo de conhecimentos da Saúde do Trabalhador que se pauta na concepção de que o sofrimento e a doença dependem da forma como os trabalhadores estão inseridos no processo produtivo. O objetivo foi identificar a produção científica relativa aos desgastes enfrentados pelos trabalhadores de enfermagem durante a pandemia da Covid-19 e explorar as possibilidades de enfrentamento desses desgastes. Realizou[1]se revisão integrativa, examinando bases de dados como Cinahl, Embase e Lilacs, utilizando-se os descritores “Saúde do Trabalhador”, “Saúde Ocupacional”, “Occupational Health”, “Salud Laboral”, “Pandemia de Covid-19”, “Covid-19”, “2019 coronavírus” “2019 New Coronavírus” e “Enfermagem”, "Equipe de Enfermagem", "Técnicos de Enfermagem", “Auxiliares de Enfermagem”, "Enfermeros no Diplomados", "Licensed Practical Nurses", "Assistentes de Enfermagem", "Nursing Assistants", "Asistentes de Enfermería", resultando em 26 estudos para análise. Grande parte dos trabalhos embasou-se no referencial teórico da saúde ocupacional (92%), relacionando os desgastes a riscos e comportamentos individuais, enquanto uma minoria adotou a perspectiva da saúde do trabalhador (8%), vinculando o desgaste à organização dos processos de trabalho. Os resultados indicaram uma tendência à abordagem individualizante dos problemas, negligenciando as causas estruturais do adoecimento. Conclui-se que a literatura científica tem abordado os desgastes da saúde dos trabalhadores de enfermagem no contexto da pandemia com base numa abordagem multifatorial que, apesar dos avanços no entendimento do problema, acaba traduzindo-se em soluções que tendem a ser desconectadas e que responsabilizam o próprio trabalhador pelo adoecimento, desconsiderando a influência de mudanças estruturais no processo de trabalho.