Recursos terapêuticos e motivação para mudança de comportamento em adultos encaminhados para cirurgia bariátrica
DOI: 10.15343/0104-7809.202044102114
Palavras-chave:
Obesidade. Cirurgia Bariátrica. Terapêutica. Comportamento. Alimentar. Motivação.Resumo
A cirurgia bariátrica é considerada uma importante estratégia para controle da obesidade, entretanto deve ser indicada após
insucesso do tratamento clínico. O objetivo deste estudo foi investigar o grau de obesidade, presença de comorbidades e
recursos terapêuticos utilizados no tratamento da obesidade em pacientes encaminhados para a cirurgia bariátrica, bem
como identificar o estágio de motivação para mudança de comportamento alimentar. Estudo transversal que investigou
44 pacientes encaminhados para a cirurgia bariátrica no município de Diadema-SP. Consultou-se o prontuário eletrônico
para coleta de dados antropométricos, exames bioquímicos, presença de comorbidades e tratamento prévio da obesidade.
Entrevistas presenciais foram realizadas com uma sub amostra (n=16) para investigação mais detalhada sobre os recursos
terapêuticos: realização de dieta, prática de exercício físico e uso de fármacos. O estágio de motivação para a mudança
comportamental foi avaliado por um questionário baseado no modelo transteórico, contendo 5 perguntas fechadas sobre
mudanças dos hábitos alimentares nos últimos seis meses. Verificou-se que 91% dos indivíduos apresentaram obesidade
grau II e III, 43% hipertensão arterial e 34% diabetes mellitus. Dentre os entrevistados, 88% relataram acompanhamento no
SUS há mais de 2 anos, 81% realizaram tratamento farmacológico, 38% praticam exercício físico, 88% seguiram alguma
dieta e 19% referiram acompanhamento com nutricionista. O estágio de motivação para mudança de comportamento
alimentar mais observado foi a ação (56%). Conclui-se que os indivíduos encaminhados para a cirurgia bariátrica
apresentaram grau elevado de obesidade e risco de comorbidades, e que diversas estratégias terapêuticas, principalmente
tratamento farmacológico e dieta das modas, já foram adotadas.
Downloads
Referências
2. Friedrich MJ. Global Obesity Epidemic Worsening. JAMA. 2017;318(7):603.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel). [livro
online]. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. [acesso em out 2019] Disponível em https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/
julho/25/vigitel-brasil-2018.pdf.
4. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Diretrizes brasileiras de obesidade. [publicação
online]; 2016 [acesso em 03 nov. 2019]. Disponível em http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/92/57fccc403e5da.pdf. Acesso em
nov. 2019.
5. Busetto L, Dicker D, Azran C, Batterham RL, Farpour-Lambert N, Fried M et al. Practical Recommendations of the Obesity Management
Task Force of the European Association for the Study of Obesity for the Post-Bariatric Surgery Medical Management. Obes Facts.
2017;10(6):597-632.
6. Jensen MD, Ryan DH, Apovian CM, Ard JD, Comuzzie AG, Donato KA et al. AHA/ACC/TOS Guideline for the Management of
Overweight and Obesity in Adults. Circulation. 2014;129:102-138.
7. Brasil, Agência Nacional de Saúde Suplementar. Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar
brasileira. [publicação online]; 2017 [acesso em out. 2019] Disponível em: http://www.ans.gov.br/images/Manual_de_Diretrizes_
para_o_Enfrentamento_da_Obesidade_na_Sa%C3%BAde_Suplementar_Brasileira.pdf.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: obesidade.
Brasília: Ministério da Saúde; 2014. 212p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_doenca_
cronica_obesidade_cab38.pdf. Acesso em nov. 2019.
9. Jakobsen GS, Småstuen MC, Sandbu R, Nordstrand N, Hofsø D, Lindberg M et al. Association of Bariatric Surgery vs Medical Obesity
Treatment With Long-term Medical Complications and Obesity-Related Comorbidities. JAMA. 2018;319(3):291-301.
10. Rubio-Almanza M, Cámara-Gómez R, Hervás-Marín D, Ponce-Marco JL, Merino-Torres JF. Cardiovascular risk reduction over time
in patients with diabetes or pre-diabetes undergoing bariatric surgery: data from a single-center retrospective observational study. BMC
Endocr Disord. 2018;18(1):90.
11. Chang SH, Stoll CRT, Song J, Varela JE, Eagon CJ, Colditz GA. The Effectiveness and Risks of Bariatric Surgery. JAMA Surg.
2014;149(3):275-87.
12. Brasil. Portaria GM/MS 424, de 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do
sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Diário Oficial
da União. 19 mar. 2013.
13. Carvalho A, Rosa R. Cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde no período 2010-2016: estudo descritivo das
hospitalizações no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde [revista em Internet] 2018. [acesso em out 2019]; 27(2). Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/ress/v28n1/2237-9622-ress-28-01-e2018260.pdf.
14. Brasil. Ministério da Saúde. Datasus [homepage na internet]. Procedimentos hospitalares do SUS [acesso em ago. 2019]. Disponível
em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/cnv/qiro.def.
15. Kelles S, Machado C, Barreto S. Ten-years of bariatric surgery in Brazil: in-hospital mortality rates for patients assisted by universal
health system or a health maintenance organization. ABCD Arq Bras Cir Dig. 2014; 27(4):261-7.
16. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. [publicação online]; 2000 [acesso em 03 nov.
2019]. Disponível em https://www.who.int/nutrition/publications/obesity/WHO_TRS_894/en/.
17. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. [publicação online]; 2017 [acesso em
03 ago. 2019]. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf.
18. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias
e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2017;109:1-76.
19. Prochaska JO, DiClemente CC, Norcross JC. In search of how people change: Applications to addictive behaviors. Am Psychol.
1992;47(9):1102-14.
20. Mastellos N, Gunn LH, Felix LM, Car J, Majeed A. Transtheoretical model stages of change for dietary and physical exercise
modification in weight loss management for overweight and obese adults. Cochrane Database Syst Rev, 2014 fev. [acesso em 19 de
fevereiro de 2020]; 2. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD008066.pub3/epdf/full.
21. Johnson SS, Paiva AL, Cummins CO, Johnson JL, Dyment SJ, Wright JA et al. Transtheoretical model-based multiple behavior
intervention for weight management: effectiveness on a population basis. Prev Med. 2008;46(3):238-46.
22. Toral N, Slater B. Abordagem do modelo transteórico no comportamento alimentar. Ciênc. saúde coletiva. 2007;12(6):1641-1650.
23. Ling AM, Horwath, C. Defining and measuring stages of change for dietary behaviors: Readiness to meet fruit, vegetable, and grain
guidelines among Chinese Singaporeans. J Am Diet Assoc. 2000;100(8):898-904
24. Fisberg RM, Slater B, Marchioni DML, Martini LA. Inquéritos alimentares: métodos e bases científicos. 1 ed. Barueri: Manole; 2005.
25. Guh DP, Zhang W, Bansback N, Amarsi Z, Birmingham CL, Anis AH. The incidence of co-morbidities related to obesity and
overweight: A systematic review and meta-analysis. BMC Public Health [revista em internet] 2009 março. [acesso 20 de Agosto de 2019];
9(1):88. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2667420/pdf/1471-2458-9-88.pdf
26. Flegal KM, Kit BK, Orpana H, Graubard BI. Association of All-Cause Mortality With Overweight and Obesity Using Standard Body
Mass Index Categories. JAMA. 2013;309(1):71-82.
27. Kelles S, Diniz M, Machado C, Barreto S. Perfil de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, assistidos pelo Sistema Único de Saúde
do Brasil: revisão sistemática. Cad Saude Publica. 2015;31(8):1587-601.
28. Farinholt GN, Carr AD, Chang EJ, Ali MR. A call to arms: obese men with more severe comorbid disease and underutilization of
bariatric operations. Surg Endosc. 2013;27(12):4556–63.
29. Silva C, Cohen L, Sarmento L, Rosa F, Rosado E, Carneiro J et al. Efeitos no longo prazo da gastroplastia redutora em y-de-roux sobre
o peso corporal e comorbidades clínico metabólicas em serviço de cirurgia bariátrica de um hospital universitário. ABCD Arq Bras Cir
Dig Artig Orig. 2016;29(1):20-23.
30. Pavão ALB, Andrade D, Mendes W, Martins M, Travassos C. Estudo de incidência de eventos adversos hospitalares, Rio de Janeiro,
Brasil: avaliação da qualidade do prontuário do paciente. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(4):651-61.
31. Gonçalves JPP, Batista LR, Carvalho LM, Oliveira MP, Moreira KS, Leite MTS. Prontuário Eletrônico: uma ferramenta que pode
contribuir para a integração das Redes de Atenção à Saúde. Saúde em Debate. 2013;37(96):43-50.
32. Araújo L, Fortes R, Fazzio D. Análise do uso de dietas da moda por indivíduos com excesso de peso. J Heal Sci Inst. 2013;31(4):388-
91.
33. Leão JM, Lisboa LCV, Pereira MA, Lima LF, Lacerda KC, Elias MAR et al. Estágios motivacionais para mudança de comportamento em
indivíduos que iniciam tratamento para perda de peso. J Bras Psiquiatr. 2015;64(2):107-14.
34. Carvalho de Menezes M, Bedeschi LB, Santos LC, Lopes AC. Interventions directed at eating habits and physical activity using the
Transtheoretical Model:a systematic review. Nutr Hosp [revista em internet] 2016 setembro. [acesso em 01 de março de 2020]; 33(5).
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27759990. Acesso em. mar. 2020.
35. Wu YK, Chu NF. Introduction of the transtheoretical model and organisational development theory in weight management: A narrative
review. Obes Res Clin Pract. 2015;9(3):203-13.
36. Toral N, Slater B. Perception of eating practices and stages of change among Brazilian adolescents. Prev Med (Baltim). 2009;48(3):279-
83.
37. Sbrocco T, Osborn R, Clark RD, Hsiao CW, Carter MM. Assessing the Stages of Change Among African American Women in a Weight
Management Program. J Black Psychol. 2011;38(1):81-103.
38. Boscatto EC, Duarte MDFS, Gomes MDA. Estágios de mudança de comportamento e barreiras para a atividade física em obesos
mórbidos. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum. 2011;13(5):329-34.
39. Andrade C, Lobo A. Perda de peso no primeiro mês pós-gastroplastia seguindo evolução de dieta com introdução de alimentos
sólidos a partir da terceira semana. ABCD Arq Bras Cir Dig 2014; 27(1):13-16.
40. Júnior F, Júnior W, Filho N, Ferreira P, Araújo G, Mandarino N et al. Efeito da Perda Ponderal induzida pela Cirurgia Bariátrica sobre
a Prevalência de Síndrome metabólica. ABCD Arq Bras Cardiol. 2009; 92(6):452-6.