Obesidade infantil e redução de horas de sono: resultados de um estudo transversal
DOI: 10.15343/0104-7809.20184204811822
Palavras-chave:
Obesidade pediátrica. Sono. Crianças em idade escolar.Resumo
A obesidade infantil constitui uma condição com elevada prevalência nas sociedades modernas com potencial impacto negativo na saúde da pessoa. Apesar de serem vários os fatores que contribuem para a obesidade, a duração do sono tem sido apontada como um fator de risco importante. Este estudo, realizado no distrito do Porto, em Portugal, teve como objetivo analisar a associação entre a duração do sono e o estado nutricional de crianças em idade escolar. De 35 escolas públicas e 3 privadas, foram contactados 1396 alunos, dos quais participaram 829 crianças (50,3% meninos e 49,7% meninas) com uma idade média de 9,2±0,38 anos. Através de um questionário, registou-se a idade, o sexo da criança, o número de horas de sono, a altura, peso e composição corporal. Tendo por base os valores obtidos do z-score de Índice de Massa Corporal (IMC), 22,9% das crianças apresentou excesso de peso e 15,2% obesidade. A duração média do sono diário foi de 9,7±1,08 horas e a média do z-score de IMC foi de 0,78±1,21, tendo-se observado uma correlação negativa baixa (r=-0,15) mas estatisticamente significativa (p<0,01) entre a duração do sono e o z-score de IMC. Os dados foram ainda analisados por sexo, tendo-se observado o mesmo achado. Os resultados sugerem, assim, uma associação negativa entre a duração do sono e o excesso de peso/obesidade nestas crianças. Apesar de serem necessários mais estudos, este achado reforça a necessidade de uma abordagem global, que inclua a avaliação do sono e o aconselhamento sobre o mesmo.