O internamento domiciliar e a atenção primária à saúde
DOI:10.15343/0104-7809.200630.2.16
Palavras-chave:
Assistência domiciliar, Serviços de Saúde, Políticas públicas de saúdeResumo
De modo crescente e durante todo o desenvolvimento de nosso sistema de saúde, a atenção sanitária foi organizada de maneira
“hospitalocêntrica”. Certamente muitos aspectos contribuíram para este processo. De um lado, o grande desenvolvimento tecnológico
que as ciências médicas incorporaram e de outro a medicalização a que foi submetida a sociedade, algo que este processo implica, uma
vez que se compreendia que os problemas de saúde só poderiam ser resolvidos no ambiente complexo oferecido pelo hospital. Nesse
mesmo sentido, a equipe médica aceitou uma ampla fragmentação em especialidades e subespecialidades, com uma sofisticação tec-
nológica sempre maior e conseqüentes maiores dificuldades no vínculo médico-paciente (pessoa). O pensamento hegemônico aplicou
critérios reducionistas de interpretação e mesmo os indicadores conhecidos como “sanitários” (sem que o fossem exclusivamente) foram
interpretados como resultando dos avanços tecnológicos e da causalidade operativa sanitária. Não obstante, essa concepção teve graves
conseqüências, já que muitos aspectos sociais, econômicos, familiares e psicológicos inerentes à caracterização dos pacientes foram
omitidos, causando uma ruptura crescente do vínculo tradicional médico-paciente (como pessoa), uma desconfiança incipiente nos
procedimentos médicos, que em muitos casos provaram não ser inócuos, para não mencionar as múltiplas queixas por problemas para
os quais o hospital de “casos agudos” não poderia oferecer soluções.