Doação de órgãos para transplante: conflitos éticos na percepção do profissional
DOI: 10.15343/0104-7809.20123612733
Palavras-chave:
Atitude Frente a Morte. Bioética. Obtenção de Tecidos e Órgãos.Resumo
Os transplantes de órgãos obtiveram êxito no século XX passando a ser o último recurso terapêutico na tentativa de manutenção
da vida. Assim, a doação de órgãos é indispensável para a promoção do transplante, entretanto esse processo é permeado
por conflitos morais e éticos. Pretendeu-se com este texto discorrer sobre os conflitos éticos no processo de doação de
órgão para transplante a partir da perspectiva do profissional enfermeiro que trabalha na captação de órgãos para transplante.
Trata-se de um texto reflexivo, delineado a partir dos resultados da dissertação da autora e de sua vivência como enfermeira
em uma Organização de Procura de Órgãos. Os enfermeiros que promovem a doação de órgãos para transplante consideram
que seu trabalho é difícil, marcado por diversos conflitos, relacionados: ao significado da morte, ao significado da doação de
órgãos, por estar com a família do doador e por cuidar do doador. Estar com a família do doador é um dos momentos mais
difíceis, na opinião dos enfermeiros, sendo uma experiência complexa por vivenciar a dor, o sofrimento e a morte. Os enfermeiros,
ao desempenharem seu papel profissional e tomarem contato com a dor dos familiares, reconhecem sua vulnerabilidade
e buscam preservar-se. Concluiu-se que os profissionais que vivenciam os conflitos existenciais e morais no processo
de doação de órgãos necessitam resignificar o sentido do seu trabalho, por meio de um processo de autoconhecimento para
saber lidar com o significado da morte, sofrimento e a dor da perda. Os serviços necessitam criar espaços de partilha entre
os profissionais e incentivar que eles busquem atendimento individualizado se for de sua preferência.