Análise do nascimento Bororo: aspectos culturais da dor de parto
DOI: 10.15343/0104-7809.20164002160168
Palavras-chave:
Dor do parto. Cultura. População indígena. Parto normal.Resumo
Considerando que as formas de sentir e expressar a dor são regidas por códigos culturais e tal sentimento se constitui
a partir de significados conferidos pela coletividade, esse estudo etnográfico buscou compreender os sentidos e
significados da dor de parto para mulheres indígenas da etnia Bororo. Pesquisa desenvolvida no primeiro semestre de
2015, em Córrego Grande, aldeia localizada no município de Santo Antônio do Leverger/MT, por meio da observação
participante, entrevistas e estudos bibliográficos adotando-se como referencial teórico a Antropologia da Saúde. A
manifestação da dor de parto ou sua ausência, como no caso das mulheres Bororo, está intimamente relacionada
ao aprendizado sociocultural que se inicia ainda na infância. O parto apresentou-se como momento oportuno para
que as mulheres Bororo reafirmassem a força que possuem demonstrada no silêncio e resignação durante todo o
trabalho de parto, diferentemente da sociedade brasileira no seculo XXI, em que a dor possui caráter trágico e tem
sido cada vez mais combatida com analgésicos e anestésicos. A população Bororo compreendem essa dor como
processo natural que deve ser conduzido sem interferências ou medicação alopática. Conclui-se que é importante
para os profissionais da saúde tentar compreender os aspectos socioculturais envolvidos na dor de parto para além da
compreensão biomédica, oportunizando cuidado diferenciado de acordo com as necessidades e especificidades das
mulheres e famílias atendidas.