Obstinação terapêutica sob o referencial bioético da vulnerabilidade na prática da enfermagem
DOI: 10.15343/0104-7809.20164003382389
Palavras-chave:
Assistência paliativa / ética. Papel do profissional de enfermagem. Unidade de Terapia Intensiva. Vulnerabilidade.Resumo
A tecnologia desencadeia dilemas bioéticos, entre eles a obstinação terapêutica. E frente a esses dilemas enfermeiros
priorizam avanços tecnológicos aos saberes reflexivos. O objetivo da presente pesquisa foi o de compreender a
percepção do enfermeiro de UTI sobre obstinação terapêutica, à luz do referencial bioético da vulnerabilidade. Como
método, utilizou-se a pesquisa descritiva, análise do conteúdo de Bardin, com quatorze estudantes pós-graduandos
do Curso de Especialização de uma instituição de ensino superior privada que atuavam em UTI, há mais de um ano,
após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e dos entrevistados. Como resultados obteve-se duas categorias:
desconhecimento do conceito; posicionamento, com cinco subcategorias: passividade diante da decisão médica,
dificuldade de enfrentar a terminalidade; percebendo negativamente a obstinação terapêutica, sentimentos em relação a
terminalidade do jovem e criança, reconhecendo o papel do enfermeiro em relação a terminalidade. Desconhecimento
sobre obstinação terapêutica influencia na vulnerabilidade do enfermeiro ao vivenciar tal situação, provavelmente não
foi preparado durante a graduação e pós-graduação, principalmente quando os envolvidos são jovens ou crianças.
Também estão despreparados a reconhecer quando a recuperação do paciente está em detrimento à tecnologia,
necessitando consenso multiprofissional. Enfermeiros reconhecem a necessidade de controle da dor, diminuição do
sofrimento e promoção da dignidade. Por fim, evidenciou-se a necessidade de inclusão dos aspectos bioéticos na
formação do enfermeiro, pois identifica-se que estes não conhecem o conceito de obstinação terapêutica, porém
reconhecem o prolongamento do processo de morte como negativo, principalmente quando estão envolvidos jovens,
ainda sim, reconhecem seu papel na terminalidade. Preparar o enfermeiro desde a graduação, para lidar com situações
de terminalidade possibilitará uma assistência de enfermagem mais adequada e com menor sofrimento dos envolvidos.