Ensino médico e espiritualidade
DOI: 10.15343/0104-7809.200731.2.15
Palabras clave:
Espiritualidade. Ensino médico. Bioética.Resumen
Espiritualidade é uma característica do ser humano que busca desenvolver sua parte espiritual em oposição à parte material.
Propõe buscar um sentido fundamental da existência, na convicção da imortalidade do espírito e na existência de entidades divinas superiores,
que desempenham papéis como criadores, mantenedores e interventores em todos os processos cosmológicos. A crença em verdades
metafísicas, intuitivas ou reveladas, acabou por levar a religiões, que são formadas por grandes sistemas doutrinais e conjuntos de rituais
de culto que se propõem a sacralizar praticamente todas as fases da vida das pessoas. As religiões desempenham importante influência no
processo de evolução cultural da civilização desde os tempos mais ancestrais até os dias de hoje. No ensino médico, a excessiva valorização
dos aspectos tecnológicos e científicos da profissão, que ganhou força extraordinária após o Relatório Flexner, acabou por afastar brutalmente
o estudante de medicina da formação ético-humanística, que além de relegada a um segundo plano, não raro era considerada supérflua ou
até ridícula. Não há dúvida, porém, que a crença das pessoas afeta radicalmente sua visão de mundo e influencia desse modo todas as suas
atitudes e decisões. Essa influência pode facilitar ou dificultar suas relações interpessoais, incluída aí a relação médico-paciente. A abordagem
da espiritualidade no ensino de Bioética tem por finalidade aumentar o conhecimento do aluno sobre as diversas religiões e oferecer
recursos cognitivos para a resolução de possíveis conflitos que possam se estabelecer na relação médico-paciente-família, além de valorizar
a espiritualidade como instância constitutiva do ser humano, desenvolvendo mecanismos de respeito e tolerância para com o paciente visto
como ser integral e autônomo.