Bioética cristã numa época pós-cristã

DOI: 10.15343/0104-7809.200630.3.15

Autores/as

  • H. Tristram. Engelhardt Jr Ph.D., M.D., Department of Philosophy, Rice University, Professor Emeritus, Baylor College of Medicine. Houston, Texas

Palabras clave:

Bioética; Bioética cristã; Filosofia moral

Resumen

A bioética cristã opõe-se à moral secular e à sua bioética. Da inseminação artificial a partir de doadores, da pesquisa com células-tronco embrionárias e do aborto à
eutanásia passiva, os compromissos da bioética cristã tradicional conflitam com os da cultura ocidental secular dominante. Por exemplo, onde a moralidade secular vinculada à
bioética considera o diagnóstico pré-natal e o aborto seletivo como parte legítima da paternidade responsável, a bioética tradicional vê uma forma de assassinato. As diferenças não
são definidas simplesmente nos termos de proibições particulares, porém, mais significativamente, nos termos da força metafísica e do caráter moral totalizante das reivindicações
cristãs. Ao contrário da filosofia moral secular, o cristianismo fornece e exige uma orientação definitiva no cosmos. A vida de cada um como paciente, enfermeira e médico devem
ser metafísica e moralmente cristocêntrica, porque o cosmos é cristocêntrico. De um lado, para a bioética secular a existência dos seres humanos é uma contingência num universo
que aparentemente surgiu do nada, não caminha rumo a coisa alguma e nem tem nenhum fim último. Do outro, o cristianismo considera a dignidade dos seres humanos como
fundada não somente em sua criação, mas também na Encarnação, mediante a qual é possível a união com Deus. Além das diferenças metafísicas, há profundas divergências
epistemológicas: o cristianismo tradicional (*) reconhece não só o conhecimento científico e filosófico empírico, mas também o conhecimento noético experiencial, isto é, o
conhecimento místico de Deus e da realidade. A bioética cristã tradicional e a bioética secular pertencem a paradigmas radicalmente diferentes que não se distinguem simplesmente
por compromissos morais opostos, mas por entendimentos diferentes sobre o caráter do conhecimento (isto é, a epistemologia) e da natureza da realidade (isto é, da metafísica). Há
conseqüentemente uma divergência a respeito de quem devemos considerar peritos morais: os filósofos morais em oposição aos homens santos. Esse contraste é expresso nas
implicações desses desacordos para a bioética. Assim agindo, o cristianismo do primeiro milênio, que tem continuidade no cristianismo ortodoxo, é considerado o ponto preliminar
de referência, de modo a melhor se apreciarem as profundas raízes históricas e conceptuais das diferenças que estão em jogo. (*) A expressão “cristianismo tradicional” é
reconhecidamente vaga e não pode ser melhor precisada no âmbito deste breve artigo. Aqui, “cristianismo tradicional” é usada para identificar: (1) o cristianismo imorre-
douro do primeiro milênio e (2) os grupos cristãos do século XXI que estão em acordo substantivo com os compromissos daquele.

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Publicado

2006-07-01

Cómo citar

Engelhardt Jr, H. T. (2006). Bioética cristã numa época pós-cristã: DOI: 10.15343/0104-7809.200630.3.15. O Mundo Da Saúde, 30(3), 491–500. Recuperado a partir de https://revistamundodasaude.emnuvens.com.br/mundodasaude/article/view/706