O suicídio e os apelos da alma: reflexões sobre o suicídio na clínica junguiana com pacientes adolescentes
DOI: 10.15343/0104-7809.2012361103110
Palabras clave:
Suicídio. Adolescente. Teoria Junguiana.Resumen
O presente artigo aborda a autonomia do sujeito frente a decisões relativas à vida e à morte, problematizando as dificuldades
encontradas pelo psicoterapeuta ao lidar com esse tema, que gera resistências e polêmicas na sociedade contemporânea.
A autora discorre sobre o manejo do suicídio partindo de conceitos da psicologia analítica, notadamente de C. G.
Jung e de autores pós-junguianos, que analisam a morte como experiência arquetípica ligada a necessidades iniciáticas de
transformação dos aspectos da personalidade que se encontram cristalizados, e que se apresentam por meio de sintomas
ligados à ideação suicida e a comportamentos autodestrutivos. Discute, também, a ambiguidade dos padrões sociais que
comunicam ao adolescente e ao jovem tanto a mensagem de que é autônomo para decidir sobre certas necessidades,
ao mesmo tempo em que veta sua liberdade a respeito de outros temas, como o sentido da vida e da morte. Questiona o
paradigma que orienta a prática do profissional da área da saúde, quando este encontra-se identificado com os ideais da
prática médica clássica, que toma para si a responsabilidade de decidir pelo paciente o que deve ser feito com suas pulsões,
impedindo-o de ser ouvido como sujeito da experiência. Por fim, propõe uma abordagem ao suicídio que permita
ao paciente estabelecer uma relação metaforizada com a morte a partir dos símbolos observados nas atitudes e fantasias
inconscientes, com o objetivo de alcançar outros sentidos que se encontram impedidos tanto no discurso do paciente
como de seus familiares, por estarem tomados pelo medo e/ou alívio vislumbrados pela morte concreta.