Crises e desastres: a resposta psicológica diante do luto
DOI: 10.15343/0104-7809.20123615458
Palabras clave:
Desastres. Luto. Intervenção na Crise.Resumen
Em resposta ao aumento da frequência de situações críticas, como desastres ou emergências, juntamente com a celeridade
da informação, a Psicologia contribuiu ao construir uma abordagem adequada e necessária para essa demanda. Nesse
artigo, são apresentadas algumas teorias norteadoras para o desenvolvimento e consolidação da área. Sendo crise um período
de desequilíbrio psicológico, resultante de evento ou situação que constitui um problema insolúvel com as estratégias
de enfrentamento conhecidas, o objetivo de intervenção em crise é resolver os problemas que exercem maior pressão,
em um período reduzido e com uso de intervenção direta e focalizada, para que os atingidos possam desenvolver novas
estratégias adaptativas. Uma demanda importante está no enfrentamento do luto desencadeado por desastres, que tem
contornos definidos e necessita suporte psicossocial aos afetados, não apenas nos momentos iniciais. Nesse enfrentamento,
destaca-se a dificuldade em localizar e identificar corpos, para que os rituais da cultura sejam realizados e permitam
uma finalização da ambiguidade da perda. O conceito de mundo presumido é explorado, na significação do processo de
luto após um desastre, como vetor para as transformações decorrentes. Ser, ao mesmo tempo, enlutado e sobrevivente, é
uma forte experiência de transição psicossocial, a partir da quebra do mundo presumido, pela necessidade de responder
às demandas do cotidiano, em um luto público e privado. Transitando entre esses dois âmbitos, fica a reflexão sobre o
luto público, do qual participam também aqueles que, sem envolvimento direto com o desastre, recorrem às diferentes
explicações, sejam as culturais, políticas e psicológicas.