Caracterização e avaliação do paciente anticoagulado com varfarina em relação à complexidade da farmacoterapia
DOI:
https://doi.org/10.15343/0104-7809.202347e15282023PPalabras clave:
Varfarina, Letramento em Saúde, Anticoagulantes, Cooperação e Adesão ao Tratamento, PolimedicaçãoResumen
A realização de diagnóstico e tratamento das arritmias sustentadas fazem parte da rotina clínica, sendo uma das arritmias mais frequentes a Fibrilação Atrial (FA). Para prevenção de eventos tromboembólicos em pacientes com FA, recomenda[1]se a anticoagulação oral, destacando-se a varfarina. Apesar da importância, esse medicamento possui estreita margem terapêutica, o que faz com que pequenas mudanças no tratamento gerem risco de eventos trombóticos ou hemorrágicos. Dentre essas mudanças, destaca-se a adesão aos demais medicamentos em uso, alteração do uso desses medicamentos por prescritores e automedicação. Várias são as interações entre varfarina e demais medicamentos de uso contínuo, acreditando-se que a complexidade da prescrição pode interferir nos desfechos clínicos da terapia anticoagulante. O objetivo do estudo foi caracterizar pacientes acompanhados em um ambulatório de anticoagulação em relação ao Índice de Complexidade da Farmacoterapia. Para identificação da complexidade da farmacoterapia, considerou-se as prescrições dos demais medicamentos em uso, prescritas por médicos da atenção primária em saúde. Utilizou[1]se o instrumento Medication Regimen Complexity Index (MRCI). A complexidade, compreendida como a forma de administração, posologia e forma farmacêutica, fatores que interferem na adesão à terapia anticoagulante, foi subdividida em três níveis: baixa complexidade, moderada e alta, conforme indicado pela literatura. A análise da complexidade foi realizada por dois pesquisadores de forma independente, sendo considerados os critérios conforme orientação do MRCI. Trata-se de um estudo descritivo realizado em duas clínicas de anticoagulação, localizadas em Minas Gerais. Durante a pesquisa, pacientes foram acompanhados em dois ambulatórios de anticoagulação do Brasil, em uso de varfarina, foram convidados a participarem de um ensaio clínico entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, sendo que posteriormente foi realizado um recorte para o presente estudo. Um total de 93 pacientes foram incluídos no estudo, sendo a média de idade de 63 anos e a maioria do sexo feminino (68,8%). A fibrilação atrial foi a indicação da ACO mais predominante (92,5%). A média do número de medicamentos utilizados foi de 7,0. A maioria dos pacientes com farmacoterapia classificada como alta (38, 6,5%) e média complexidade (24, 80,7%) apresentou TTR inadequado. O presente estudo permitiu identificar que há um predomínio de pacientes com alta complexidade da farmacoterapia, o que pode indicar necessidades de cuidados adicionais em relação ao tratamento anticoagulante. Para tanto, em casos de pacientes com controle inadequado da anticoagulação oral, recomenda-se que aspectos da complexidade da farmacoterapia sejam incorporados na abordagem educacional.
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