Conflitos morais na prática fisioterapêutica: percepção de fisioterapeutas e alunos
10.15343/0104-7809.202145551563
Palabras clave:
Bioética. Éticas profissionais. Deliberação. Ensino superior. FisioterapiaResumen
Os conflitos morais são inerentes à prática da fisioterapia, tanto mais que manifestações da evolução científica estão cada vez mais presentes na práxis profissional do fisioterapeuta, o que exige um contato próximo entre o profissional e o paciente. O objetivo deste estudo foi analisar a percepção de fisioterapeutas e alunos de um curso de fisioterapia sobre os conflitos morais na prática clínica. Foi realizado um estudo transversal por meio de questionário aplicado aos alunos das etapas inicial (Grupo 1) e final (Grupo 2) de um curso de fisioterapia e também a fisioterapeutas (Grupo 3) que atuam em cidades do Meio- Oeste de Santa Catarina, Brasil. A amostra foi composta por 110 alunos, sendo 59 do Grupo 1 e 51 do Grupo 2, com média de idade de 22,7 anos e predominantemente do sexo feminino. Além disso, havia 36 fisioterapeutas incluídos no Grupo 3, a maioria do sexo feminino, com idades variando de 31 a 40 anos e com 11 a 20 anos de formação. Quase todos os alunos e profissionais relataram que a abordagem da ética profissional e da bioética na formação profissional são particularmente importantes. Os alunos de estágios mais avançados, que realizaram o curso de bioética, apresentaram maior conhecimento geral quando comparados aos demais grupos, indicando a importância do ensino dessa temática na graduação. A maioria dos profissionais (75%) relatou pouco conhecimento sobre os temas abordados no Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia; 72% afirmaram ter lido parcialmente o documento, mas apenas 47% recebem atualizações anuais sobre o código de ética. Os conflitos mais citados pelos profissionais foram sigilo e confidencialidade (61,1%), relacionamento intra e interprofissional (33,3%), honorários (30,5%), autonomia profissional (25%), veracidade das informações (19,4%), relacionamento terapeuta / paciente (16,7%) e autonomia, decência e intimidade do paciente (5,5%). Os conflitos morais fazem parte da prática da fisioterapia, mesmo que não tenham sido suficientemente reconhecidos pelos participantes em alguns casos. Com base neste estudo, algumas medidas são necessárias quanto ao ensino, à atualização profissional e à inclusão de temas no código profissional da fisioterapia, visto que algumas questões constituem um desafio para a formação ética. Infelizmente, eles não são abordados no código de ética profissional do fisioterapeuta e os profissionais que concluíram o treinamento antes não tiveram um aprendizado adequado sobre os temas discutidos.
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